11.11.10

Sabes bem que continuarás assim , até ao fim dos dias - um cobarde vulnerável ao medo do falhanço, tal como Ricardo Reis. Serás o eterno perseguidor da mediocridade, um conformado - triste, quase repugnante. Um fugitivo de ti próprio, tentarás a todo custo apagar as pegadas de um caminho que nunca te permitiste, que nunca percorreste mas que desejaste mais do qualquer outro, de uma vida que nunca viveste, de uma existência focada na efémera sobreviência. Camuflarás, como sempre, a falta de coragem de viver com Epicuro, Zenão e a busca de uma falsa ataraxia. Mas nunca estarás verdadeiramente tranquilo. Nunca viverás absorto de todas as crenças que não te permites ter, quanto mais ser capaz de um niilismo total.
Serás, para sempre, um condenado das horas vagas que te impões.

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