Tive de passar isto a computador , tendo em conta que só tenho em papel - um teste de Filosofia que recebi hoje, com um sorriso que umas décimas me permitiram por cumprir a promessa do
mais de dezoito no último teste de Filosofia - Mais tarde soube que não seria o último :| Se calhar é nabice não me dar ao trabalho de procurar isto na net, mas aqui fica à unhinha.
De qualquer forma, não é à toa que me dou a este trabalho. é um texto que resume muito bem aquilo que defino como
coragem de ser humano. Chamo-lhe coragem porque fui conhecendo, com o tempo, pessoas que se sentem incomodadas ou que se recusam completamente a aceitar que somos sociais. Que vivemos com os outros e para os outros. Que a vida perde o sentido quando se vive permanentemente numa condição de eremita. Que vivemos com amor e por paixão. Também não é à toa que o meu filme favorito é o
Into the Wild - é que depois de toda a rebelia, depois de toda a independência, depois da adolescência, depois de toda a negação da condição social, chega-se à conclusão
Hapiness only real when shared . Foi exactamente isto que tentei explicar[-te] ontem e que continuo a defender com unhas e dentes :
" A pessoa surge-nos como uma presença voltada para o mundo e para as outras pessoas, sem limites, misturada com elas numa perspectiva de universalidade. As outras pessoas não a limitam, fazem-na ser e crescer. Não existe senão para os outros, não conhece senão pelos outros, não se encontra senão nos outros.
A experiência primitiva da pessoa é a experiência da segunda pessoa. O
tu e, adentro dele, o
nós, precede o
eu, ou pelo menos acompanha-o. É na natureza material (e a ela estamos parcialmente submetidos) que a exclusão reina, porque um espaço não pode ser ocupado duas vezes ao mesmo tempo. Mas a pessoa, no mesmo movimento que a faz ser,
ex-põe-se. Por isso, é por natureza comunicável e até mesmo só ela o é. É preciso partir deste facto primitivo. Do mesmo modo que o filósofo que começa por se encerrar no pensamento nunca encontrará uma saída para o seu ser, assim aquele que começa por se encerrar no eu nunca encontrará o caminho para os outros. Quando a comunicação se enfraquece ou se corrompe perco-me profundamente de mim próprio: todas as loucuras são uma falhas relações com os outros - o
alter torna-se
alienus, torno-me também estranho a mim próprio, alienado. Quase se poderia dizer que só existo na medida em que existo para os outros, ou numa frase-limite:
ser é amar."
E. Mounier, Le personalisme