28.5.10

Deixa-me ouvir o que não ouço...
Não é a brisa ou o arvoredo;
É outra coisa intercalada...
                     É qualquer coisa que não posso
                     Ouvir senão em segredo,
                     E que talvez não seja nada...

Deixa-me ouvir... Não fales alto !
Um momento !... Depois o amor,
Se quiseres... Agora cala !
                     Tênue, longínquo sobressalto
                     Que substitui a dor,
                     Que inquieta e embala...

O quê? Só a brisa entre a folhagem?
Talvez... Só um canto pressentido?
Não sei, mas custa amar depois...
Sim, torna a mim, e a paisagem
E a verdadeira brisa, ruído...
Vejo-me, somos dois...

Fernando Pessoa, Poesias Inéditas

21.5.10

A propósito da posta anterior e de um dos temas da Oração de Taizé de hoje [ / Lindíssima, diga-se ], relembrei este comentário que fiz na Chuva :
"Conforta-me a confiança que tenho de que o Homem vive para o Homem. Eu vivo para o homem, e tudo de humano e nojento que nisto se subentende. A efemeridade da minha pegada é, para mim, absolutamente negável quando penso num sorriso ou num olhar cúmplice , como os que se troca com um amigo, e tu és amigo - és meu amigo.

A pegada que te deixo é o que me resta e chega-me , assim como me sacia a pegada que me deixas ...
Vivamos com isto, com demora mas sem demoras . Que me dizes ?

Ps . Não posso deixar de apontar que esta música é uma obra-prima. I will lay me down , like a bridge over troubled water ... Entoemos ! : ) "

Hoje, só posso acrescentar a cada um de vocês : Atreve-te a Viver por Amor !

18.5.10

Tive de passar isto a computador , tendo em conta que só tenho em papel - um teste de Filosofia que recebi hoje, com um sorriso que umas décimas me permitiram por cumprir a promessa do mais de dezoito no último teste de Filosofia - Mais tarde soube que não seria o último :| Se calhar é nabice não me dar ao trabalho de procurar isto na net, mas aqui fica à unhinha.
De qualquer forma, não é à toa que me dou a este trabalho. é um texto que resume muito bem aquilo que defino como coragem de ser humano. Chamo-lhe coragem porque fui conhecendo, com o tempo, pessoas que se sentem incomodadas ou que se recusam completamente a aceitar que somos sociais. Que vivemos com os outros e para os outros. Que a vida perde o sentido quando se vive permanentemente numa condição de eremita. Que vivemos com amor e por paixão. Também não é à toa que o meu filme favorito é o Into the Wild - é que depois de toda a rebelia, depois de toda a independência, depois da adolescência, depois de toda a negação da condição social, chega-se à conclusão Hapiness only real when shared . Foi exactamente isto que tentei explicar[-te] ontem e que continuo a defender com unhas e dentes :

" A pessoa surge-nos como uma presença voltada para o mundo e para as outras pessoas, sem limites, misturada com elas numa perspectiva de universalidade. As outras pessoas não a limitam, fazem-na ser e crescer. Não existe senão para os outros, não conhece senão pelos outros, não se encontra senão nos outros. A experiência primitiva da pessoa é a experiência da segunda pessoa. O tu e, adentro dele, o nós, precede o eu, ou pelo menos acompanha-o. É na natureza material (e a ela estamos parcialmente submetidos) que a exclusão reina, porque um espaço não pode ser ocupado duas vezes ao mesmo tempo. Mas a pessoa, no mesmo movimento que a faz ser, ex-põe-se. Por isso, é por natureza comunicável e até mesmo só ela o é. É preciso partir deste facto primitivo. Do mesmo modo que o filósofo que começa por se encerrar no pensamento nunca encontrará uma saída para o seu ser, assim aquele que começa por se encerrar no eu nunca encontrará o caminho para os outros. Quando a comunicação se enfraquece ou se corrompe perco-me profundamente de mim próprio: todas as loucuras são uma falhas relações com os outros - o alter torna-se alienus, torno-me também estranho a mim próprio, alienado. Quase se poderia dizer que só existo na medida em que existo para os outros, ou numa frase-limite: ser é amar."
E. Mounier, Le personalisme

15.5.10

Tenho-me perguntado : Porque é que sou mais criativa no Inverno ?
O calor do sol seca-me as palavras. Sinto a pele a abrir, como terra seca. E o papel vai ganhando pó, abandonado.
Pergunto-me se parte de mim terá hibernado. Não fara mais sentido a dormência no Inverno ?
Que criatura estranha, estranha forma de vida.

12.5.10

Estou de volta ! Exausta - que quatro dias intensos !
Quatro dias a acartar 30 e tal quilos às costas , a sentir a pele corroida pelo salitre e pelo frio. Valeu a pena!
O Fundamentals superou todas as minhas expectativas. é a incrível margem de progressão mesmo em apenas quatro dias. é também engraçado sabermos que estamos a ser avaliados ao mesmo tempo que os nossos pais - embora eu enquanto aluna e eles enquanto intructores.
Tive a honra de conhecer, aprender e mergulhar com o Daniel Riordan - Um dos melhores mergulhadores de Cave no mundo, uma das pessoas que mais trouxe para a comunidade de mergulho e para a GUE - Tanto com equipamento como com instrucção e projectos de exploração !
Aprendi imensos skills, pormenores importantes, o trabalho em equipa...
A verdade é que para além de tudo isto , alcancei o meu objectivo, sendo neste momento , tanto quanto sei, a mais nova da Península Ibérica - Consegui o Technical Pass!
Agora é necessário continuar a mergulhar, a praticar, a esmerar ainda mais aquilo que atingi.
Estou feliz, mas perciso de recarregar baterias.
Senti falta da minha cama.

7.5.10

GUE Fundamentals

Parto hoje para Peniche.
Até hoje, não tinha tido tempo para nervosismo. Agora já sinto borboletas no estômago.
Conheci o instructor, Danny. Gostei muito - So far , so good !

Era preciso boa sorte, bom tempo e mar chão !
O segredo é paz e sossego ...