31.12.10

Acabei de ler A Confissão de Lúcio.
Estou absolutamente abismada, incapaz de concordar integralmente com as interpretações que li a posteriori, meditando para encontrar uma minha.
Entretanto, adianto a minha leitura da Odisseia de Homero, que será o livro com que entrarei na nova década.



Foram boas escolhas, boas escolhas acima de tudo e embora seja o que for.
E posso dizê-lo com uma satisfação que transcende o facto de não acreditar no arrependimento.
Sans toi, les émotions d'aujourd hui ne seraient que la peau morte des émotions d'autrefois.

25.12.10

Acabei há dias a série de novelas de Tolstoi que andava a ler. Adorei-as a todas.
Passei a acender uma paixão que já imaginava sentir pelo Mário de Sá-Carneiro - Encontramo-nos oficial e definitivamente em A Confissão de Lúcio, que tenho devorado.

São tempos de boas leituras, de bons pensamentos. Sinto uma angústia estranha que se deve precisamente a uma certa falta de angústia. Tenho andado tranquilamente à mercê da odisseia dos dias - tenho vivido os passos sem pensar no trilho e, entretanto, tem corrido bem.

23.12.10

Hoje vi uma ave de rapina voando estranhamente no meandros desta confusão de anthropos.

Tenho meditado incessantemente à cerca do método que Tolstoi nos apresenta, através do padre Sérgio, para desviar a nossa cabeça da perdição, da paixão, do pecado - aquele método segundo o qual, mediante uma situação de desespero, de descontrolo, cortamos um dedo de forma a que todo o nosso pensamento esteja absolutamente focado na dor. Ando fascinada com tudo o que tenho lido.







Este ano passo o Natal com a minha família em Vale de Penela

20.12.10

O meu computador regressou a casa. Já sentia saudades - que ridículo!

Entretanto tenho dedicado estes dias ao verbo dormir.. Ando num estado pouco menos que vegetativo.
No entanto, está a chegar a festa da minha Inês, e eu mal posso esperar. Aproveito e deixo aqui isto:

15.12.10

O Diabo

Se eu deixar que me profanes a mente (já de si pouco sã),  posso alegar que és o Diabo ?
Poderei dizer uma oração baixinho e alvejar-te o peito, tal como fez Evgueni Irtenév, mas com palavras ?
Posso, finalmente, procurar absolvição na tua morte ?

Será que as respostas virão quando eu conhecer a história do Padre Sérgio até ao fim ?


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Um pequeno à parte : Minha gente, a rádio CLF está cada vez mais perto. Visitem radioclf.blogspot.com

12.12.10

Na sexta feira à noite actuei na Fnac do Gaia shopping com os combos da Escola de Jazz do Porto - é muito provavelmente das melhores sensações do mundo.
O dia de ontem foi o caos.. Não quero ver putos à minha frente nos próximos tempos, mas a verdade é que adorei estar com eles.

Percorro os dias numa ânsia de chegar ao fim. ao fim da hora, do dia. ao fim do capítulo. ao fim da Morte de Ivan Ilich. E condeno-me, tal como Ivan se condena.

7.12.10

Há tolos que nunca saberão o sabor do desleixo, o prazer de uma calçada fora de horas.
Nunca descobrirão o valor do que não é usual e o quanto se aprende ao não fazer [ aparentemente ] nada.
Há quem viva ainda sem o bálsamo de uma fuga.

Cada vez mais me convenço que é o equilíbrio que faz a diferença.

6.12.10

Divago entre genética, estudos de Mendel, cruzamentos parentais, ligações factoriais e etceteras que poderiam ser interessantíssimos noutro dia qualquer mas não hoje. Tenho aqui os Blues, o John Lee Hooker a puxar-me do meu lado esquerdo e não sei o que fazer - porque não me apetece muito mandá-lo embora.

Fito qualquer figura dinâmica em contraluz, como se fosse um escape. Fecho os olhos e deixo cair a cabeça. Está pesada, preciso Caminhar. Anda comigo, vamos os dois... O que fazemos aqui afinal?
A estrada é infinita e eu sei que temos tempo, mas porque é que esperamos?

4.12.10

Foi num dia destes que te conheci. Enquanto me mostravas o sabor das gostas de chuva.
Foi num destes dias em que se medita sobre a morte como numa novela de literatura russa.
Esqueci completamente que o mundo desabava tempestuosamente sobre a minha cabeça e que os abutres sobrevoavam em rota circular, adivinhando já a carne pútrida que eu anunciava.
Foi  num dia assim, triste, cinzento, que colheste folhas secas como recordações antigas cheias de significado.
Foi assim que soube quem tu eras, pela luz da tua figura num dia de fracasso.