31.12.10

Acabei de ler A Confissão de Lúcio.
Estou absolutamente abismada, incapaz de concordar integralmente com as interpretações que li a posteriori, meditando para encontrar uma minha.
Entretanto, adianto a minha leitura da Odisseia de Homero, que será o livro com que entrarei na nova década.



Foram boas escolhas, boas escolhas acima de tudo e embora seja o que for.
E posso dizê-lo com uma satisfação que transcende o facto de não acreditar no arrependimento.
Sans toi, les émotions d'aujourd hui ne seraient que la peau morte des émotions d'autrefois.

25.12.10

Acabei há dias a série de novelas de Tolstoi que andava a ler. Adorei-as a todas.
Passei a acender uma paixão que já imaginava sentir pelo Mário de Sá-Carneiro - Encontramo-nos oficial e definitivamente em A Confissão de Lúcio, que tenho devorado.

São tempos de boas leituras, de bons pensamentos. Sinto uma angústia estranha que se deve precisamente a uma certa falta de angústia. Tenho andado tranquilamente à mercê da odisseia dos dias - tenho vivido os passos sem pensar no trilho e, entretanto, tem corrido bem.

23.12.10

Hoje vi uma ave de rapina voando estranhamente no meandros desta confusão de anthropos.

Tenho meditado incessantemente à cerca do método que Tolstoi nos apresenta, através do padre Sérgio, para desviar a nossa cabeça da perdição, da paixão, do pecado - aquele método segundo o qual, mediante uma situação de desespero, de descontrolo, cortamos um dedo de forma a que todo o nosso pensamento esteja absolutamente focado na dor. Ando fascinada com tudo o que tenho lido.







Este ano passo o Natal com a minha família em Vale de Penela

20.12.10

O meu computador regressou a casa. Já sentia saudades - que ridículo!

Entretanto tenho dedicado estes dias ao verbo dormir.. Ando num estado pouco menos que vegetativo.
No entanto, está a chegar a festa da minha Inês, e eu mal posso esperar. Aproveito e deixo aqui isto:

15.12.10

O Diabo

Se eu deixar que me profanes a mente (já de si pouco sã),  posso alegar que és o Diabo ?
Poderei dizer uma oração baixinho e alvejar-te o peito, tal como fez Evgueni Irtenév, mas com palavras ?
Posso, finalmente, procurar absolvição na tua morte ?

Será que as respostas virão quando eu conhecer a história do Padre Sérgio até ao fim ?


________,,_______________

Um pequeno à parte : Minha gente, a rádio CLF está cada vez mais perto. Visitem radioclf.blogspot.com

12.12.10

Na sexta feira à noite actuei na Fnac do Gaia shopping com os combos da Escola de Jazz do Porto - é muito provavelmente das melhores sensações do mundo.
O dia de ontem foi o caos.. Não quero ver putos à minha frente nos próximos tempos, mas a verdade é que adorei estar com eles.

Percorro os dias numa ânsia de chegar ao fim. ao fim da hora, do dia. ao fim do capítulo. ao fim da Morte de Ivan Ilich. E condeno-me, tal como Ivan se condena.

7.12.10

Há tolos que nunca saberão o sabor do desleixo, o prazer de uma calçada fora de horas.
Nunca descobrirão o valor do que não é usual e o quanto se aprende ao não fazer [ aparentemente ] nada.
Há quem viva ainda sem o bálsamo de uma fuga.

Cada vez mais me convenço que é o equilíbrio que faz a diferença.

6.12.10

Divago entre genética, estudos de Mendel, cruzamentos parentais, ligações factoriais e etceteras que poderiam ser interessantíssimos noutro dia qualquer mas não hoje. Tenho aqui os Blues, o John Lee Hooker a puxar-me do meu lado esquerdo e não sei o que fazer - porque não me apetece muito mandá-lo embora.

Fito qualquer figura dinâmica em contraluz, como se fosse um escape. Fecho os olhos e deixo cair a cabeça. Está pesada, preciso Caminhar. Anda comigo, vamos os dois... O que fazemos aqui afinal?
A estrada é infinita e eu sei que temos tempo, mas porque é que esperamos?

4.12.10

Foi num dia destes que te conheci. Enquanto me mostravas o sabor das gostas de chuva.
Foi num destes dias em que se medita sobre a morte como numa novela de literatura russa.
Esqueci completamente que o mundo desabava tempestuosamente sobre a minha cabeça e que os abutres sobrevoavam em rota circular, adivinhando já a carne pútrida que eu anunciava.
Foi  num dia assim, triste, cinzento, que colheste folhas secas como recordações antigas cheias de significado.
Foi assim que soube quem tu eras, pela luz da tua figura num dia de fracasso.

28.11.10

Slides (Retratos da cidade branca)


Escrito e Dito por Viriato Ventura

Onde estão os meus amigos?

Remotas memórias
Saltitam, Pululam.
Cheiros, odores,miragens
O café, o sorriso
"Olá, como está?"
E outras encenações
A novidade:
A vizinha do 3º fugiu, amanhã vem no jornal

Ai..a imperial da Munique
Os destemidos tremoços
Moços, maçons
Canalha, navalha
Pensa coração
Amigos onde estais?

A sueca com minis à mistura
O relato da bola
A malha, copo de 3
A feira do relógio
O relógio da feira
Sandes de couratos, vinhos de Torres
Jogging de Marvila

Domingo
Especialmente domingo
Barbeados, dentes lavados
E martinis no plástico labrego
Alumínio, moderno, kitch, mau gosto
12 cordas, mãozinhas
Salteadores da razão perdida
Perdidos, enjaulados
Correio da manhã
O cú da vizinha do 9ºB
Regalo para a vista
Suplemento a cores com salários em atraso

E a Lisnave petroquímica
Cancros do meu Tejo
Apodrecendo lentamente o azul das águas
E eu impotente, cinemascope, 35 milímetros de mim
A raiva afogada entre cubaslibres e pernas de mulheres
Que não são putas nem são falsas nem são nada
São pernas de mulheres e cubaslibres simplesmente

Paga-se a saudade com cartão de crédito

Táxi, leva-me para onde está o meu amor
Táxi, leva-me para lá de mim
Táxi, atropela-me os sentidos e a alma para não deixar vestígios.

Música por Samuel Mira (Sam the Kid), em Practica(mente)

25.11.10

Pois é...



A miúda afinal é esperta. É atenta.
A miúda afinal tem bom gosto, é interessante e sabe do que fala.
Afinal é mesmo assim, apenas estranha...
Afinal gosto mesmo dela.

24.11.10

F de Falso

O dia de hoje poderá ter custado até meio bilião de euros.
A mim, a ti, à tua família, aos teus amigos, conhecidos, a todos.

Há que reivindincar, mas reivindicar não é isto.

23.11.10

Lembrou-me hoje Ana Luisa Amaral:

Eu não sou um nem outro:
Sou qualquer coisa de intermédio

M. de Sá-Carneiro

Justamente quando ia recomeçar a ler a cópia de "A confissão de Lúcio"  (que comprei faz muito tempo na Lello) me apercebi que não sei onde a pousei. Não me lembro da última vez que a perdi.

E simplesmente não se pode ler um livro desta forma negligente: sem lhe darmos o devido carinho, a devida atenção, uma certa sensação de necessidade e dependência, sem nos deixarmos apaixonar, envolver, sem sugar as palavras como se saciássemos uma sede, como se nos rendêssemos a um vício. Não se pode ler recomeçando as primeiras páginas vezes e vezes sem conta.
Desculpe, Mário Sá (Carneiro), isto não está bem e não lhe faz justiça...

22.11.10

Faz tempo e continuas linda.
Estás ainda mais bonita, arriscaria dizer. Dás-me uma certa vontade de te comer o cérebro com esparguete, de te beber o espectro, de fumar a tua carne. Meu deus, como és linda. Lembrei agora que quando era mais novo havia uma coisa muito bonita que era a sedução.

21.11.10

Yeah Yeah Yeahs

Hoje ouvi de novo o meu ... 7º ano, talvez :

20.11.10




Nem penses que te recordarei velho, viciado, morto. Nem penses.

18.11.10

Tabacaria

(...)
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.

Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?
(...)
Àlvaro de Campos

17.11.10

" Eu não pertenço a nenhuma das
gerações revolucionárias. Eu pertenço a
uma geração construtiva.

(...)

Para criar a pátria portuguesa do século XX não são necessárias fórmulas nem
teorias; existe apenas uma imposição urgente: Se sois homens sede Homens, se sois
mulheres sede Mulheres da vossa época.
Vós, ó portugueses da minha geração, que, como eu, não tendes culpa nenhuma de
serdes portugueses.
Insultai o perigo.
Atirai-vos prà glória da aventura.
Desejai o record.
Dispensai as pacíficas e coxas recompensas da longevidade.
Divinizai o Orgulho.
Rezai a Luxúria.
Fazei predominar os sentimentos fortes sobre os agradáveis.
Tende a arrogância dos sãos e dos completos.
Fazei a apologia da Força e da Inteligência.
Fazei despertar o cérebro espontaneamente genial da Raça Latina.
Tentai vós mesmos o Homem Definitivo.
Abandonai os políticos de todas as opiniões: o patriotismo condicional degenera e
suja; o patriotismo desinteressado glorifica e lava.
Fazei a apoteose dos Vencedores, seja qual for o sentido, basta que sejam
Vencedores. Ajudai a morrer os vencidos.
Gritai nas razões das vossas existências que tendes direito a uma pátria civilizada.
Aproveitai sobretudo este momento único em que a guerra da Europa vos convida
a entrardes prà Civilização.
O povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades
e todos os defeitos. Coragem, Portugueses, só vos faltam as qualidades."

José de Alamada Negreiros, Ultimatum futurista às gerações portuguesas do séc.XX

16.11.10

É triste ver tantos ainda a laborar no erro...

Não quero, Cloe, teu amor, que oprime
Porque me exige o amor. Quero ser livre.

A sperança é um dever do sentimento.
Ricardo Reis, in Odes

11.11.10

Sabes bem que continuarás assim , até ao fim dos dias - um cobarde vulnerável ao medo do falhanço, tal como Ricardo Reis. Serás o eterno perseguidor da mediocridade, um conformado - triste, quase repugnante. Um fugitivo de ti próprio, tentarás a todo custo apagar as pegadas de um caminho que nunca te permitiste, que nunca percorreste mas que desejaste mais do qualquer outro, de uma vida que nunca viveste, de uma existência focada na efémera sobreviência. Camuflarás, como sempre, a falta de coragem de viver com Epicuro, Zenão e a busca de uma falsa ataraxia. Mas nunca estarás verdadeiramente tranquilo. Nunca viverás absorto de todas as crenças que não te permites ter, quanto mais ser capaz de um niilismo total.
Serás, para sempre, um condenado das horas vagas que te impões.

10.11.10

It could happen to you...

Reconheço: O blogue anda adormecido, como um pé com formigueiro.
A verdade é que já não o actualizo desde o dia 24. Andei por aí a visitar alguns, e muitos se encontram na mesma situação - mas não, não vou utilizar outros maus exemplos para justificar o meu, até porque não fica nada justificado - é apenas uma manobra de diversão para desviar as atenções.

Na realidade, venho reconhecer a imaturidade de não ser capaz de manter este sítio e dizer umas coisas. Mais do que reconhecê-lo venho fazer alguma coisa em relação a isso, pela simples razão de que este lugar tem um efeito terapêutico - nunca encarei o Mentalfetaminas como uma actividade obrigatória mas sim um pequeno projecto pessoal, apaixonado. Fundamentalmente, incomoda-me a ideia deste desleixo em relação a algo que sempre adorei que é escrever, e as razões que fomentam o mesmo ( a minha mãe chama-lhe sostrice )

Entretanto, o mundo não pára. Gastam-se balúrdios em blindados de guerra para a cimeira da Nato que nem sequer chegarão a tempo da mesma, o FCP sente-se generoso e oferece simpaticamente 5 ao Benfica, gera-se o primeiro mini Big-Bang no CERN, cria-se um fígado num laboratório português, uma jovem promete aos escassos leitores do seu blogue e, principalmente, a si mesma uma narração mais regular dos pequenos fenómenos do mundo.

24.10.10

Encontrei hoje, no meio da entropia característica dos meus ficheiros de computador, um texto que escrevi para o " Sobre Mim " de introdução ao portefólio de inglês :

My name is Renata Manuel Moreira de Sá Cruz. I would like to explain the reason why my first and second names are Renata Manuel : Renata because my grandfother's name (my mother's father) was Renato,and Manuel because my father's father, my gradfather's name is Manuel. Also, Renata means 'reborn', which reminds me of a creature I admire very much - the phoenix.
I was born, in Porto, Portugal, in a very hot Summer day - 22 July, to be precise, of 1993.
Since I was very little I've always felt very passionate about the sea. Also, I love music - These are probably my two biggest passions.
I like creative writting, that's the major reason why I decided to create a blog - Mentalfetaminas.com. I love poetry, and I try to read as much as I can.
My favourite subject is Biology, specially Genetics and Evolution - I'm currently reading a book on the matter, by the author Richard Dawkins.
I'm a pilgrim to Santiago de Compostela, and I try to keep that in mind every single day of my life. Mainly because ( and call me teen and naive, but ) I genually believe that it is my duty and purpose to try to make a change - in our world, or at least in my world. I believe that we must be more active - We must think outside the box, beyond our regular everyday questions. We must challenge ourselves to reflect about the most dogmatic ideas and the most philosophical questions that maybe we will never answer. I genually believe we must not be just bodies, trying to survive with the best quality life possible, we must not be passive because then we are not living - we are delusionally surviving.
In conclusion, though I believe that Biologically the existance of our species as no purpose, as no other - it is the result of Evolution and Natural Selection - this must not be understood as a negative perspective of Humankind. I believe the Biological concept gives us the freedom to understand that our purpose is to find new, responsible, rational, weighted but passionate ways to give our lives the so called "meaning" that we all fell we pursuit. Our purpouse is to create the purpose, to make our counscience work as a positive tool, because I believe human beings are, in fact, beautiful.

Das coisas que mais adoro é rever documentos antigos. Caixas de fotografias, textos, cartas, desenhos... Sabe-me tão bem um Domingo cinzento passado no sofá, sabem-me tão bem estas tardes em que assistimos a metamorfoses na lenta passagem das horas ...

4.10.10

Alcino

Intriga-me esta gente acabada de conhecer com quem se partilham histórias , nos jardins da Cordoaria - ou noutro sítio qualquer.
Gente para a qual o ócio se vai tornando lentamente enjoativo, talvez.
Gente com quem se está na boa, mas que me espanta por não estar farta de estar na boa.
Vaguear é prazer quando não o fazemos eternamente. Improvisar é fascinante quando o improviso não é permanente.
Dou valor àqueles bancos , àquelas ruas, àquelas eesculturas de Muñoz, àqueles cafés, àquelas praças, àqueles desconhecidos que se conhecem - porque não são o meu todo o dia, todos os dias.

Ouvia hoje o Alcino, um desses desconhecidos que se conhecem... Estava com o desconhecido Tito e o desconhecido Mário. Mas o desconhecido Tito e o desconhecido Mário tinham qualquer coisa na cabeça.
O Alcino não - e não digo isto por mal. Eu explico :
O Alcino estava com uma grande moca, o Alcino vive com uma grande moca, aliás - o Alcino é uma moquinha só.
O Alcino não faz nada - vai vivendo pelas ruas em que eu vou passando, vai cantando e tocando mal , ganhando uns trocos , vai alimentando uma vida oca, com uma alegria oca.
É daquelas pessoas com quem se passa uma boa tarde, ou uma boa noite. O Alcino é uma pessoa boa, provavelmente. Mas é uma pessoa oca, que vive com a moca.
Algo me diz que não suportaria viver como o Alcino ...

23.9.10

Pessoa visto por mim

Imagino o sabor a café, provavelmente amargo. Cheiro o tabaco que se queima na ponta dos dedos.
Vejo-o sentado, o pé direito sobre o joelho esquerdo. Sobre as pernas um caderno, na cabeça um chapéu.
Uma figura - nada mais do que uma presença ténue. Uma sombra esguia e escura que observa o rodopio do mundo, mergulhando, divagando dentro de si próprio.
Atribuo-lhe a infantilidade de uma criança presa no corpo, na vida de um adulto vulnerável à passagem dos dias. Na mesma alma vejo opostos - sentimentos que em nenhuma outra se cruzariam.
Sinto-lhe a paixão assombrada por um vazio. Sinto-lhe a alegria e, ao mesmo tempo, a decadência.
Sinto-lhe a ânsia de um geniozinho precoce.
Na mesma sombra vejo vultos, vultos de outras almas. É isto que despoleta toda a entropia do pensamento.
E sobreviver a isto só sendo poeta - só sendo capaz de gerar sanidade a partir da própria loucura.

18.9.10

Página 23 em La Central

Conquistou-me na página 23.
Foi assim que tudo começou. Foi por aí que comecei a lê-lo. E ainda dizem que no princípio era o Verbo - não. no princípio era o 23 , e esta minha manha obsessiva-compulsiva.
Foi por aí, numa qualquer livraria, numa qualquer rua de Barcelona, que mais uma vez te encontrei - acredites ou não - nas páginas de um livro.
Dizia assim Y tú, ¿de qué lado de mi cuerpo estabas, alma, que no me socorrías?
[ Foi aí mesmo, aos meus pés, que caiu uma gota de solução aquosa de cloreto de sódio - eras tu , nessa gota ]
Eras tu, na página 23.
E eu comprei No amanece el cantor de José Angel Valente.

17.9.10

Back to the uptight room, to the uptight noise. Back to the uptight smiles, to the uptight clothes, to the uptight thoughts surrounding. Back to the uptight days, to the uptight books, to the uptight school, the uptight people.

Back to the uptight life, from which only the free black streets of this free black city can save me. They heal me a little in every stone, in every path .

Back to the uptight soul that i undress everytime the sun dies - Slowly.

13.8.10

Co-Oração

Vida , permite que me considere infinitamente pequeno.
Permite que construa a minha Casa permanentemente. Permite que nunca me esqueça que te pertenço, Vida.
Permite-me compreender que faço parte de algo maior. Vida, mostra-me os Teus Caminhos.
Ensina-me que a grande sabedoria recai sobra a capacidade de apreciar a rotina que me permites. Vida, ensina-me que não vivi todas as coisas. Vida, corrige-me quando achar que já tenho tudo. Mostra-me como é saber amar cada momento repetitivo e não apenas o longe e a miragem.
Vida, faz-me perceber que me devo amar a mim próprio para poder amar o próximo.
Protege-me da reflexão exagerada, destrutiva. Vida, proíbe que alguma vez tenha pena de mim próprio.
Permite que sinta frequentemente que a vontade de ficar ultrapassa a vontade de partir para regressar.
Vida, permite que me sinta astronomicamente grande. Permite, que me sinta parte da beleza da natureza em harmonia com o Universo.

22.7.10

No sorriso louco das Mães

No dia em que completo 17 penso que quem está de parabéns não sou ( só ) eu.
À minha mãe e ao meu pai ( que me vai desculpar por nunca encontrar poemas que falem do pai )
[ Esta é uma das prendas que trago de Barcelona  ] Parabéns a nós !!!

Intruções :
Clicar no play, apreciar a melodia até ao minuto 2:10, começar a ler o poema abaixo , com o diseur ...
Enjoy  !


No sorriso louco das mães batem as leves
gotas de chuva. Nas amadas
caras loucas batem e batem
os dedos amarelos das candeias.
Que balouçam. Que são puras.
Gotas e candeias puras. E as mães
aproximam-se soprando os dedos frios.
Seu corpo move-se
pelo meio dos ossos filiais, pelos tendões
e orgãos mergulhados,
e as calmas mães intrínsecas sentam-se
nas cabeças filiais.
Sentam-se, e estão ali num silêncio demorado e apressado,
vendo tudo,
e queimando as imagens, alimentando as imagens,
enquanto o amor é cada vez mais forte.
E bate-lhes nas caras, o amor leve.
O amor feroz.
E as mães são cada vez mais belas.
Pensam os filhos que elas levitam.
Flores violentas batem nas suas pálpebras.
Elas respiram ao alto e em baixo.
São silenciosas.
E a sua cara está no meio das gotas particulares
da chuva,
em volta das candeias. No contínuo
escorrer dos filhos.
As mães são as mais altas coisas
que os filhos criam, porque se colocam
na combustão dos filhos. Porque
os filhos são como invasores dentes-de-leão
no terreno das mães.
E as mães são poços de petróleo nas palavras dos filhos,
e atiram-se, através deles, como jactos
para fora da terra.
E os filhos mergulham em escafandros no interior
de muitas águas,
e trazem as mães como polvos embrulhados nas mãos
e na agudez de toda a sua vida.
E o filho senta-se com a sua mãe à cabeceira da mesa,
e através dele a mãe mexe aqui e ali,
nas chávenas e nos garfos.
E através da mãe o filho pensa
que nenhuma morte é possível e as águas
estão ligadas entre si
por meio da mão dele que toca a cara louca
da mãe que toca a mão pressentida do filho.
E por dentro do amor, até somente ser possível amar tudo,
e ser possível tudo ser reencontrado
por dentro do amor.

Herberto Helder

21.7.10

A pedido de várias famílias ...
Especialmente a pedido da minha mãezinha que não conseguia ler [ nem de óculos ] : )

8.7.10

Olhaste para mim por uma brecha,
alvejaste-me de olhos esgazeados
enquanto sugavas o último gole de ar,
o teu último suspiro de Vida,
para dentro dos pulmões,
velhos e pútridos.

Foi a última vez que oxigenaste o teu cérebro
e eu vi-te
pela brecha da janela da carrinha amarela

As sirenes ressoam agora, ao longe.

21.6.10

Trainspotting - Oficialmente um dos meus filmes favoritos !

17.6.10

Vim da rua de matar alguém ...

14.6.10

What goes around, comes around ...

Ao longo do tempo fui perdendo a ideia de que há pessoas boas e pessoas más. Há pessoas que realizam acções, pessoas que têm atitudes, que transportam auras, energias. Há pessoas, com diferentes valores - acho que o que verdadeiramente nos distingue é isto.

Há vezes em que acredito na ideia do Karma. Se pensarmos bem no assunto, não é assim tão místico, tão mágico, tão abstracto.
Acho que está, na verdade, impregnado de lógica e de probabilidades...
Só faz sentido que a aura positiva que cada um porta o atinja. Parece-me lógico que as pessoas que têm como sua missão inundar com amor e ser fonte de alegria acabem elas próprias por ser contaminadas com todo o amor e felicidade. Acredito que o mundo, a natureza, retribui os actos de boa vontade. E, como disse, não há nada de transcendente nisto - é pura lógica . É a mais científica das simbioses entre o espaço que é a Terra e o material que a ocupa que, em parte, é cada um de nós.
Por outro lado, é lógico que quem opta por valores negativos acabe afogado, sufocado pelos mesmos. É natural pensar que atitude negativa é pouco ou nada produtiva - de imediato ou em última análise. A recompensa acaba por nunca compensar. Nem que seja pelo poder auto-destrutivo de determinadas atitudes.
Isto parece demasiado ideal mas parece-me ser o que acontece na realidade, se formos capazes de observar atentamente e fazer generalizações.
É óbvio que há excepções. Haverá sempre gente boa a morrer cedo e gente má a sair recompensada - e podemos parar já aqui. Em primeiro lugar, muitas vezes, esta descrição de excepção é extremamente redutora e distorcida. Quantas vezes já pensei no quão injusto foi o meu avô morrer quando eu tinha apenas 6 anos. Quantas vezes penso que uma pessoa que ama tanto e é amada por tanta gente deveria ter direito a mais tempo de vida. Ainda hoje me sinto frustrada por tudo o que poderia ter aprendido com ele e não pude, por todas as vezes que lhe tento dar um beijo, dizer-lhe que o amo muito e é o melhor avô do mundo. Ainda hoje sinto que é injusto uma miúda como a minha prima não ter tido o privilégio de conhecer um Homem como o meu avô Renato.
Mas a verdade é que todo este raciocínio está profundamente embebido em emotividade e por isso é subjectivo e tendencioso. O que acontece é que as pessoas morrem [ Uau! ]... Isto pode é ter diferentes efeitos nos que ficam mediante o quanto esta pessoa amou e foi amada.
Por outro lado, para a situação da recompensa recebida por quem não merece, proponho uma visão mais ampla da coisa. A ideia é que, em última análise, a recompensa não é , de facto, uma recompensa ou simplesmente não pesa mais do que todo o peso que a aura negativa assenta na pessoa que o transporta.
Em segundo lugar, admitindo que há excepções - porque às vezes é difícil acreditar que não as haja - serão as excepções mais do que simples mutações? Mutações na realidade, falhas na concretização e aplicação da lógica. E pensemos nas mutações tal e qual como as estudamos : São estas mutações que conferem a variabilidade - e a variabilidade é essencial à evolução.
É este o equilíbrio que observamos na Natureza, no Universo. Não podia ser mais intuitivo, mais coerente com a realidade, mais lógico, mais objectivo, mais racional, mais científico...
A minha opção é uma atitude construtiva perante o desafio da rotina como dizem os MDG.

Não resisto a deixar aqui alguns Karma :

13.6.10

What's wrong with some changes ?
Why are you afraid of them ?

: )

Aos desaparecidos :

Talvez faça sentido a distância com que te defendes. Talvez um dia eu aprenda a respeitá-la.
Talvez um dia molde a minha espera de modo a contentar-me com o facto de me dares uma importância de mais de dois milhões de metros.
Provavelmente serás uma pessoa bem pior do que aquilo que imagino. Provavelmente nunca serás feliz ou morrerás cedo, sem tentar.
Provavelmente és apenas um humano.
Idealizo dias simples porque penso sempre na insegurança que tens na complexidade. Confundes-me com promessas efémeras e eu espero sempre por mais - nunca me incomodaram, nunca incomodarão [ eu própria sou efémera de lucidez, de coerência. ]
Acabo por saber que escreveremos um livro, e acabo por perceber que me torno repetitiva ao dizer coisas que já sabes. A solução é não querer saber de nada...
Sempre que não quero saber é assim, e o destino faz-te bater à minha porta.

9.6.10

[ Ainda bem que tenho alguém sempre atento aos meus erros, e mais do que atento me avisa ]
Sim, eu sou um bocado disléxica  : )

Obrigado Nuno !

8.6.10

Escrevemos sempre melhor quando estamos magoados.
Não escrevemos melhor, escrevemos mais... escrevemos mais duro, mais invasivo, mais escarrado.
De certa forma, ainda bem que não tenho escrito ... Porque julgo que não devemos escrever nada quando não há nada para escrever.
Ultimamente não sinto, não há exaltação e por isso estou feliz .

Ocorre-me « Let's make love, and listen death from above » das CSS , que tanto ouvi no meu nono ano :

7.6.10

À minha couve, o ambrósio, o meu rico Moura - que hoje se queixou do meu blogue desactualizado.
Deixa lá meu grande filho da mãe, merecias uma chapada .... Vais ao Alive ver isto :


E a Renata , mais uma vez, fica na prancha ...

28.5.10

Deixa-me ouvir o que não ouço...
Não é a brisa ou o arvoredo;
É outra coisa intercalada...
                     É qualquer coisa que não posso
                     Ouvir senão em segredo,
                     E que talvez não seja nada...

Deixa-me ouvir... Não fales alto !
Um momento !... Depois o amor,
Se quiseres... Agora cala !
                     Tênue, longínquo sobressalto
                     Que substitui a dor,
                     Que inquieta e embala...

O quê? Só a brisa entre a folhagem?
Talvez... Só um canto pressentido?
Não sei, mas custa amar depois...
Sim, torna a mim, e a paisagem
E a verdadeira brisa, ruído...
Vejo-me, somos dois...

Fernando Pessoa, Poesias Inéditas

21.5.10

A propósito da posta anterior e de um dos temas da Oração de Taizé de hoje [ / Lindíssima, diga-se ], relembrei este comentário que fiz na Chuva :
"Conforta-me a confiança que tenho de que o Homem vive para o Homem. Eu vivo para o homem, e tudo de humano e nojento que nisto se subentende. A efemeridade da minha pegada é, para mim, absolutamente negável quando penso num sorriso ou num olhar cúmplice , como os que se troca com um amigo, e tu és amigo - és meu amigo.

A pegada que te deixo é o que me resta e chega-me , assim como me sacia a pegada que me deixas ...
Vivamos com isto, com demora mas sem demoras . Que me dizes ?

Ps . Não posso deixar de apontar que esta música é uma obra-prima. I will lay me down , like a bridge over troubled water ... Entoemos ! : ) "

Hoje, só posso acrescentar a cada um de vocês : Atreve-te a Viver por Amor !

18.5.10

Tive de passar isto a computador , tendo em conta que só tenho em papel - um teste de Filosofia que recebi hoje, com um sorriso que umas décimas me permitiram por cumprir a promessa do mais de dezoito no último teste de Filosofia - Mais tarde soube que não seria o último :| Se calhar é nabice não me dar ao trabalho de procurar isto na net, mas aqui fica à unhinha.
De qualquer forma, não é à toa que me dou a este trabalho. é um texto que resume muito bem aquilo que defino como coragem de ser humano. Chamo-lhe coragem porque fui conhecendo, com o tempo, pessoas que se sentem incomodadas ou que se recusam completamente a aceitar que somos sociais. Que vivemos com os outros e para os outros. Que a vida perde o sentido quando se vive permanentemente numa condição de eremita. Que vivemos com amor e por paixão. Também não é à toa que o meu filme favorito é o Into the Wild - é que depois de toda a rebelia, depois de toda a independência, depois da adolescência, depois de toda a negação da condição social, chega-se à conclusão Hapiness only real when shared . Foi exactamente isto que tentei explicar[-te] ontem e que continuo a defender com unhas e dentes :

" A pessoa surge-nos como uma presença voltada para o mundo e para as outras pessoas, sem limites, misturada com elas numa perspectiva de universalidade. As outras pessoas não a limitam, fazem-na ser e crescer. Não existe senão para os outros, não conhece senão pelos outros, não se encontra senão nos outros. A experiência primitiva da pessoa é a experiência da segunda pessoa. O tu e, adentro dele, o nós, precede o eu, ou pelo menos acompanha-o. É na natureza material (e a ela estamos parcialmente submetidos) que a exclusão reina, porque um espaço não pode ser ocupado duas vezes ao mesmo tempo. Mas a pessoa, no mesmo movimento que a faz ser, ex-põe-se. Por isso, é por natureza comunicável e até mesmo só ela o é. É preciso partir deste facto primitivo. Do mesmo modo que o filósofo que começa por se encerrar no pensamento nunca encontrará uma saída para o seu ser, assim aquele que começa por se encerrar no eu nunca encontrará o caminho para os outros. Quando a comunicação se enfraquece ou se corrompe perco-me profundamente de mim próprio: todas as loucuras são uma falhas relações com os outros - o alter torna-se alienus, torno-me também estranho a mim próprio, alienado. Quase se poderia dizer que só existo na medida em que existo para os outros, ou numa frase-limite: ser é amar."
E. Mounier, Le personalisme

15.5.10

Tenho-me perguntado : Porque é que sou mais criativa no Inverno ?
O calor do sol seca-me as palavras. Sinto a pele a abrir, como terra seca. E o papel vai ganhando pó, abandonado.
Pergunto-me se parte de mim terá hibernado. Não fara mais sentido a dormência no Inverno ?
Que criatura estranha, estranha forma de vida.

12.5.10

Estou de volta ! Exausta - que quatro dias intensos !
Quatro dias a acartar 30 e tal quilos às costas , a sentir a pele corroida pelo salitre e pelo frio. Valeu a pena!
O Fundamentals superou todas as minhas expectativas. é a incrível margem de progressão mesmo em apenas quatro dias. é também engraçado sabermos que estamos a ser avaliados ao mesmo tempo que os nossos pais - embora eu enquanto aluna e eles enquanto intructores.
Tive a honra de conhecer, aprender e mergulhar com o Daniel Riordan - Um dos melhores mergulhadores de Cave no mundo, uma das pessoas que mais trouxe para a comunidade de mergulho e para a GUE - Tanto com equipamento como com instrucção e projectos de exploração !
Aprendi imensos skills, pormenores importantes, o trabalho em equipa...
A verdade é que para além de tudo isto , alcancei o meu objectivo, sendo neste momento , tanto quanto sei, a mais nova da Península Ibérica - Consegui o Technical Pass!
Agora é necessário continuar a mergulhar, a praticar, a esmerar ainda mais aquilo que atingi.
Estou feliz, mas perciso de recarregar baterias.
Senti falta da minha cama.

7.5.10

GUE Fundamentals

Parto hoje para Peniche.
Até hoje, não tinha tido tempo para nervosismo. Agora já sinto borboletas no estômago.
Conheci o instructor, Danny. Gostei muito - So far , so good !

Era preciso boa sorte, bom tempo e mar chão !
O segredo é paz e sossego ...

30.4.10

São estas tardes contigo que mantêm a minha sanidade pouco sã. O milagre reside em arrancarmo-nos mutuamente do abismo da rotina . [ Cuidado, Rotinar mata ... Pior... Apodrece !]
Eu tenho-te a dizer Obrigado !

27.4.10

os macacos

Chateia-me que a reacção dos chimpamzés à morte de um elemento do clã ainda seja tratada como notícia, em Jornais da Noite, como o da Sic.
Pensei que depois de todos os estudos de Etologia, depois de livros como Porque é que os elefantes choram? factos como este já tinham deixado de ser novidade.
Tenho perfeita consciência de que apesar de estarmos biologicamente a um passo de sermos The Fift Ape, estamos infinitamente distantes de qualquer outro animal em termos éticos e morais. [ Pelo menos gosto de acreditar que a condição humana, continua a ser unicamente humana. ]
No entanto, seria simplesmente estúpido negar reações como a de este vídeo. Mas qual é o mal de estudar estes comportamentos, analisá-los, tentar compreendê-los e até admirá-los ?! Eu acho isto fascinante !

25.4.10

Procuro sanidade nas folhas de chá branco e pétalas de rosa

Um fim de semana de seca. Na tentativa de estudar - cada vez mais me apercebo que não sei estudar e que a minha capacidade de concentração é uma bosta .
Em contrapartida : muita música e muito chá . Ouvi Lila Downs, MDG, e Eva Cassidy - repetidamente.

E por falar em Lila Downs - meu deus como ela é grandiosa - deixo aqui uma música lindíssima que dedico ao meu [ falecido ] bô Renato  : ) 

No me llores, no, no me llores no
porque si lloras yo peno,
en cambio si tú me cantas, mi vida,
yo siempre vivo, yo nunca muero.

23.4.10

Ontem à tarde, relembrei o hip hop português que tanto costumava ouvir.
Ontem à tarde soube-me a Vida. É engraçado como há pessoas na nossa vida que nos taggam em tanta coisa diferente.
Cheira-me que este fim-de-semana o meu quarto vai ressoar a Hip hop e Reggae .

Aqui fica a música mais espectacular dos Dealema :

20.4.10

Agradeço às  Cinzas do Vulcão da Islândia [ / Há quem diga que são os Cachecois do Benfica ]  que impedem  Os  aeroPortos ,  e   à Vontade incontornável   de   dar   amor , Porque esta é a tua Cidade .


Neguemos Bruxelas [ e todas   as Outras Capitais Europeias   ]!
E »
Há alturas em que  vos espanta a espontaneidade.
Por onde andam os sulcos da tua face, que lhes fizeste ?
Onde é que escondeste a tua utopia ? Na falta de coragem ?
Como te atreves ? é que tu não te atreves... nao é ?
Tu não cantas , mesmo quando estás sozinho.
Sentes vergonha das tuas mão sujas, mas pouco calejadas.
O meu avô exibia os calos como medalhas.
Qual é a tua medalha ? a tua estátua ?
Tu  não gostas , não é ? é assim que te desculpas ?
Tu não sentes interesse, no fundo és desinteressado , desinteressante.
[/ Antecedente Consequente , Certo ?]
Mas tu não antecedes, para não
concretizar .

16.4.10

Frustação é : [ / E a vida é isto ! ]

frustração é :

... o esquecimento que nos faz comer uma chiclete a seguir ao café e não nos deixa tempo para saborear .
... os comentários feitos em anónimo
... as calças que fazem barulhos que parecem peidos . [ e a incapacidade de negar os mesmos ]

E a vida é isto !

13.4.10

Fosses tu uma mão e eu lia-te, com arte cigana.
Não to faço porque não te vigarizo, não te trafulho.
é trafulhice, é engano pensar que algum dia vamos perceber alguma coisa, quanto mais adquirir sabedoria de rugas pré-desenhas , pré-delineadas.
Só aprendes o que não entendes, o que é estranho e bonito. é natural , mas não é um facto, de facto. é quando muito um ArteFacto. É uma invenção tua com artimanha, o conhecimento. É uma metáfora, uma alegoria, uma hipérbole. Ou será um eufemismo para os momentos em que acreditas piamente que és Deus ?
é simplesmente estúpido acreditares piamente em alguma coisa. Na verdade, somos extraordinariamente estupidos, e isto sei - como quem acredita piamente . é por isso que te amo.

Para tirar teimas...

Eu não mando petas !

Peniche, Berlengas. Na passada Terça-feira. Fizemos o Rabo de Asno e o Vapor de Trigo .
: )

10.4.10

Lembrei-me desta música e, consequentemente, do Rafa.
Posto isto lembrei-me do Caminho e.... enfim...

8.4.10

Lembrei-me do refrão .... Em tempos ouvi isto repetidamente .
Adoro esta letra e gosto deste feeling :
It's sunny outside,
you should go for a walk !

7.4.10

Oito      dias   !

3.4.10

Tenho escrito coisas interessantes... pessoais demais para expôr aqui. Tenho visto coisas interessantes. tenho ouvido , vivido e sentido coisas estranhas . e para mim o adjectivo estranho raramente é depreciativo.

Por estes dias aprendo a dar valor à saudade e a expremer toda a felicidade que ela tenha para me dar. A espera continua paciente e confiante, bonita.

[ Começou mesmo agora a dar a No Surprises no meu quarto ! Lindo ... Que timming . A No Surprises foi a primeira música que ouvi dos Radiohead - excluindo a Creep . « Silence ... » sussura o Thom Yorke - Génio !  ]

Depois deste parênteses... Acaba aqui. tenho de me levantar para pôr a música do ínicio, apagar as luzes, deitar-me no chão a ouvir. E já não volto... Na sala tenho um sofá à espera de ser partilhado e três pessoas para amar [ Eles ganham ! ]

1.4.10

no Cérebro da Sally :

Não sei se já te perguntaste como será a viagem dos porcos até ao matadouro.
Fui pensando sobre isto enquanto tentava engendrar maneiras creativas de executar a tua matança.

Os porcos vivem em pocilgas, enlameadas : terra húmida e esterco. Os porcos vivem um bocado porcos.
Vão porcos de carro até ao matadouro. Na verdade, vão de camião e em maior quantidade do que este suporta - se tiverem sorte [ / Digo isto porque sinto que a probabilidade de cair quando estou no 704 é muito menor se este vai cheio. ]
Se tiverem azar, há espaço para que se mexam... Se tiverem ainda mais azar, o animal ao volante é mau condutor - o que é muito provável.
O caminho é longo, portanto o animal conduz o mais depressa possivel.
O camião leva quase certamente dois andares de porcos, que como quaisquer outros animais, defecam. Defecam para cima dos porcos que estão em baixo - alguns já de pernas partidas, a guinxar. Cheira a merda e os porcos não se calam - mal podes esperar para chegar ao destino e degolá-los.
[ / Sentes o cheiro a bosta ? ]
Amanhã, faço-te lombo ao almoço .

Isto parece-me desumano, mas tenho medo que seja ridículo considerar que porcos devam ser mortos sem sofrimento... Não - é mesmo isso : é ridículo !
São porcos e eu não deixo de comer por causa disso. Os vegetarianos são umas bichas, é preciso resolver o problema da fome mundial e eu gosto muito de presunto ...

Sou capaz de não te matar amanhã - Vou temperar o lombo.



__________,,_____

Lembrei-me de uma Sally a pensar coisas destas, enquanto ouvia a minha mãe a falar de uma ideia que tinha para um livro. O intrigante disto tudo é a Sally andar de 704 - o que significa que provavelmente passa por mim todos os dias e eu nunca a identifiquei...
Pensei na Bring Your Daughter to the Slaughter dos Iron Maiden, que por acaso, ouvi aí uma 4 vezes hoje.

31.3.10

Metal

Ultimamente ando viciada na Run to the hills dos Iron Maiden - Pá, que grande banda !

Dou por mim a gostar cada vez mais de Jazz e cada vez mais de Metal, estilos que têm tudo a ver...
Penso muitas vezes na sorte que tive em ter alguém que realmente conhecia muito de Metal e mostrou tudo, sem fechar as mãos e sem guardar segredos.
Fui desconstruindo ao longo do tempo a ideia comum de que os fãs de Metal são macambúzios, deprimidos, frustrados. Depois de descontruir isto, eu própria me estou a tornar uma fã de Metal, e comecei há pouco tempo a descobri-lo.
O Metal não é barulho. Simplesmente, como em todos os estilos, há Metal bom e mau.
Há Metal para todos os gostos - rico em influência gótica, folk, clássica, etc.
Há Metal lindíssimo, como poesia - que pode ser agressiva ou não.
Nesta coisa da música, sou de marés - tanto me apanham a ouvir Yann Tiersen como Lykke Li ou Judas Priest... Gosto de boa música e confesso não ter grandes barreiras sonoras [ / Apesar de não ter paciência para Death Metal : ) ].

E como julgo que o meu dever é passar a palavra, deixo aqui umas amostras - a ver se o bichinho pega ! :






30.3.10

Fui ver The Book of Eli.
No overall, um filme porreiro - Se ignorarmos as incoerências e alinharmos na ficção e no pensamento-sem-ronhónhós-pseudo-intelectuais.

Hoje a Fábrica do Som foi abaixo, correu bem!
Deixo aqui um cheirinho:

28.3.10

[ / Não mando uma pr'á Caixa ]

Nem sei onde anda a Caixa ...

23.3.10

Já me inscrevi no GUE Fundamentals e já comecei a ler o Doing It Right: The fundamentals of Better Diving do Jarrod Jablonski. Amanhã tenho o primeiro treino na piscina.

Finalmente, acaba para mim o segundo período - Já começava a sentir náuseas de cansaço.
[ / Gosto da palavra náusea ] - A propósito:


21.3.10










Encontrei esta fotografia, tirada por mim num pinheiral a Caminho de O Pino [ julgo eu ] .

19.3.10

E como hoje é dia do pai... Ficam aqui memórias de momentos em Volkswagens vermelhos, em praias paradisíacas e de dias de chuva passados no sofa. Com essas memórias fica música, que realmente serve de marcador flourescente para a vida.



Ao meu pai:

Hoje lembrei um dos meus poemas preferidos do Miguel Torga, Súplica.
Dei por mim a repetir os versos :
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
matar a sede com água salgada.


Já agora, deixo aqui o Pablo Neruda e o Walking around:

Acontece que me canso de meus pés e de minhas unhas,
do meu cabelo e até da minha sombra.
Acontece que me canso de ser homem.

Todavia, seria delicioso
assustar um notário com um lírio cortado
ou matar uma freira com um soco na orelha.
Seria belo
ir pelas ruas com uma faca verde
e aos gritos até morrer de frio.

Passeio calmamente, com olhos, com sapatos,
com fúria e esquecimento,
passo, atravesso escritórios e lojas ortopédicas,
e pátios onde há roupa pendurada num arame:
cuecas, toalhas e camisas que choram
lentas lágrimas sórdidas.

17.3.10

Il Postino

Ando a ler O Voo Melancólico do Melro do Carlos Tê e O Carteiro de Pablo Neruda (Ardente Paciência) do chileno Antonio Skármeta.
Comecei ontem de madrugada o segundo - acabo-o hoje, e digo desde já que é um livro lindíssimo. Apaixonei-me pelo Pablo Neruda retratado , pela personagem de Mario Jiménez, de Beatriz González e até da viúva González.
Apaixonei-me pela Ilha Negra e pelo Chile...
/ é certo que é um livro pequeno, mas : Apaixonei-me tanto que li o livro de rajada, com as ondas que ele conta, que canta...


[ Acho a capa da minha edição extraordinária ! ]

15.3.10

Socorro !
É segunda e já só penso no quanto quero que sexta chegue, rápido.

13.3.10

What the fuck ! [ Best Puto Evaaar ! ]

12.3.10

Hoje, uma oração de Taizé no CLF.
Já começava a sentir falta, e a propósito largo aqui uns versos, sem me preocupar em explicar como os expliquei a mim própria...

Sei bem que não mereço um dia entrar no céu
Mas nem por isso escrevo a minha casa sobre a terra
Daniel Faria

11.3.10

Acho maravilhoso como ao longo do tempo fui passando a preferir cada vez mais o amor demonstrado com o silêncio.
Assisto a metamorfoses que tornam pessoas capazes de sentir o afecto calado, mesmo a uma distância de 2032 Km.
Lembro [ não, não me lembro - tem estado permanentemente na minha cabeça] a In a manner of speaking, versão dos Nouvelle Vague, e repito baixinho os versos como uma prece :

So in a manner of speaking
I just want to say
that just like you I
should find a way
to tell you everything by saying
nothing



Oh, Give me the words
that tell me nothing
Give me the words,
that tell me
Everything

9.3.10

Chego agora a Casa.
Vinha a dar na Rádio Nova Harvest Moon dos Crosby Stills Nash and Young:

8.3.10

Dia Internacional da Mulher - Aventar

O meu texto já está no Aventar:

Vou colhendo palavras sábias para perceber que uma Mulher não é virgem – é Mãe.
Fala-me a história dos ventres molhados, geradores de vida, orientadores da existência. Não preciso de história para achar brilhante a maneira como a Natureza se ocupa da criação de formas perpétuas, perfeitas – como o regaço de uma Mãe.
Lembro-me que também tenho uma – todos temos, ou tivemos – e lembro como me aquecem as garras cravadas nas minhas costas, de uma Mulher, felina, que sofre por anticipação a partida de um fruto, a queda dele da árvore para a terra.
Começo a caracterizar a Mulher como um permanente estado de vigilância e, no entanto, uma eterna fonte de amor e de paz.
Penso nisto por toda a responsabilidade biológica que isto me atribui. Penso na metamorfose por que passa um ser do sexo feminino e percebo que qualquer um dos estágios é, fundamentalmente, igual – uma Mulher é o seio que amamenta, a perseverança que pratica, a felicidade que irradia, a força que demonstra e o amor que dá.


[ Ilustro este texto com uma imagem que já postei, mas que a minha mãe adora ]






7.3.10

Amanhã é Dia internacional da Mulher - e no Aventar só as mulheres é que postam.
O meu tio pediu-me um texto que será publicado amanhã, no Aventar, pelas 21 horas.

28.2.10

Fui ver o Shutter Island.
Não vou ser esquisita, não me apetece vir com rónhónhós pseudo-intelectuais - achei brilhante !

Lembrou-me a Brain Damage dos Pink Floyd [ e este álbum que ouvi repetidamente este fim-de-semana ]
Destaco versos, cuja impossibilidade psicadélica de negação me faz secretamente feliz:
The lunatic is in my head
I'll see you on the dark side of the moon

23.2.10

Aprender a Tears in The Rain do Joe Satriani em 7 dias, apenas após 7 aulas ?!
[ / para já : Riso incrédulo ]

22.2.10

Prometi não corromper o silêncio que aprendi nas velas e nos tijolos, e que pratiquei nas pedras e no amarelo das setas - Prometi e cumprirei.

O vento no meu caminho tem-me sussurado Anathema :

13.2.10

El camino se hace caminando.

11.2.10






















Desenho de ~Malignanttoast

Tem de se poder partir
contudo ser como uma árvore:
como se a raiz permanecesse na
terra,
como se a paisagem passasse
e nós ficássemos.
Tem de se conter a respiração
até que o vento amaine
e o ar desconhecido nos comece a envolver,
até que o jogo de luz e sombra,
de verde e azul,
nos mostre as estruturas antigas
e estamos em casa
seja onde for,
e podemos sentar e apoiar-nos
como se fora à sepulturada nossa Mãe.

Hilde Domin

8.2.10

brainstorm on the road

Os dias ultrapassam-se uns aos outros,
seja pela esquerda ou pela direira.
Não dão pisca e
eu tenho de atravessar para o outro lado da estrada,
mas eles não param na passadeira,
ignoram o vermelho -
sinal do meu cansaço e
de quão prestes estou de atravessar sem olhar para ambos os lados,
como me ensinaram os meus progenitores.

Estou farta deste trânsito
do tempo que corre como um rio de gelo,
vazio de matéria
mas de corrente pesada.

Vou correr,
mas não sou rápida -
perdi muito tempo a ouvir os pássaros e
a sentir o cheiro a borracha queimada -
Fui atropelada pelos dias
que correm vazios
com memórias de nada.

6.2.10

Eu:

Cheguei agora a Casa, são dez e meia.
Hoje fui à Lello com a minha mãe, touxemos o Mário de Sá-Carneiro, o Amin Maalouf e o Carlos Tê.
Numa troca de palavras, o dono disse à minha mãe que só quem percebe muito de livros faria escolhas tão especiais, ao que a minha mãe respondeu que eram escolhas de quem o faz por muito gosto.
A Ribeiro não tinha areias, e eu ainda não digeri o desconsolo.
O Peter Gabriel, os Midlake, o Abaji, a Laura Veirs, os Anathema, o Willie Nelson, a Basia Bulat, são espectros agradavelmente barulhentos, permanetemente bombeados nos meus canais sensoriais.

Ontem li uma oração, que procurava há muito tempo, sem saber muito bem se ela existia. Encontrei-a nas velas, nos tijolos de Taizé, na capela do CLF, no anúncio do Caminho. Encontrei-a nas mãos e nos olhos dos meus, e sobretudo, encontrei-a no coração...
Senti, em cada centímetro da minha pele, a sua chegada - que ansiei à exaustão, que procurei incessavelmente.
Procurei por ela, como quem grita pela auto-definição - dinâmica - que será mudada todos os dias a partir de hoje, no seu próprio contexto, nos próprios significados, nas lições, nos objectivos, mas nunca na essência.

As palavras chegaram como lágrimas agridoce nos lábios, nos dentes... E abençoam-me com paz.


Eu :
Creio nos caminhos da alegria e da amizade que nunca esquecem passos percorridos e acolhem sempre novos passos e mais passos.
Creio nas mãos que unem, em dia de encontro e se firmam na força que souberam sua.
Creio nas flores que se abrem ao sol da amizade e enfeitam por dentro a vida dos homens e que nunca murcham nem secam.
Creio nas asas que nascem com as palavras, ou o sorriso, ou o olhar e que apressam a madrugado do amor. Ámen.
Oração Taizé, CLF a 5 de Fevereiro de 2010


[ Isto faz deste um dos posts mais importantes que já escrevi até hoje ]

3.2.10

mar sonoro

tenho pensado [ / demasiado ?! ] na maneira como o céu me promete não cair na minha cabeça.
desconfio da segurança porque o sinto cada vez mais na minha pele, tenho as raízes dos cabelos arrepiadas - se calhar é frio ou então os Gauleses é que tinham razão.
no céu já não confio, e o mar é mentiroso.
promete embalar-me como faz à areia, mas gosta mais dela do que de mim.
no fundo sei que ele gosta mais dela porque os grãos são livres e não precisam dele para nada.

Por falar em mar, espanta-me como é sonoro , como me mente piedosamente [ / eu sei disso, e agradeço ] enquanto me embala , enquanto me leva para outros lugares , para lá do horizonte, do firmamento . e por associação [ / inevitável ] de ideias lembro-me do poema de Sophia que dediquei à minha mãe e à paixão dela pelo mar [ é curioso como nos sentimos no direito de dedicar poemas que nem são nossos, mas há poemas que não são de ninguém porque o poeta é um fingidor... ]:

Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho,
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim



Hoje contruímos, na capela, o espaço Taizé. ficou tão bonita !

2.2.10

Macacos do Ártico

It's gonna be mind fucked ! .... i hope .


[ Conto-vos aos despois ! ]

31.1.10

Banda sonora de hoje : Arcade Fire e o Mantaray da Siouxsie Sioux [ ocasionalmente com the Banshees ] - A acompanhar Frei Luis de Sousa de Garrett.

If it doesn't kill you, it will shape you,
If it doesn't break you, it will make you

30.1.10

(c)artolas

Escondem coelhos na cartola
porque choram a vida
que não lhes coube nas mãos pequenas,
ou que escorregou,
como manteiga,
para as mãos de uma outra vida.

Escondem coelhos na cartola
para os fazer aparecer
magicamente
e adornar o desinteresse -
- almas opacas,
cheias de nada e coisa nenhuma